FAMÍLIA – Troncos Ancestrais
É comum as famílias ostentarem certo orgulho pelo sobrenome que carregam a partir de um tronco ancestral. Os pesquisadores gostam de sistematizar suas descrições genealógicas por famílias. É o caso da formação da gente rio-grandense a partir da colonização portuguesa. A descrição das famílias por linhagens é uma questão apenas de sistematização, o importante é o testemunho da história que se encerra em todas elas como um todo, embora cada uma delas tenha seus feitos a relatar. Celebremos, isso faz bem! | |
SOBRENOMES
A questão do sobrenome nos indivíduos nem sempre teve uma sistemática como a hodierna, em que é comum a adotar-se a composição do sobrenome do pai e da mãe para os seus filhos. Cabe aqui relatar várias situações:
SOBRENOME DOS FILHOS – Além do prenome, o sobrenome deve ter um dos sobrenomes dos progenitores, se do pai, qualquer das formas, o último ou o do meio, ou ambos; se da mãe, da mesma forma como o dito para o pai; pode ainda a criança receber o sobrenome de um dos avós; também foi admissível pospor ao prenome até quatro sobrenomes. Há uma certa diferença na colocação dos sobrenomes entre os ibéricos. Portugal costuma dar às crianças um prenome seguido de um sobrenome materno pospondo o paterno. Já a Espanha faz exatamente ao contrário, pospõe o sobrenome materno ao paterno. É uma questão conceitual em que a relação umbilical premia ou a ligação de consanguinidade (materna) ou a relação econômica (paterna).
SOBRENOME ESPOSAS – No caso das esposas (cônjuge virago) a substituição do nome de solteira pelo de casada nem sempre teve uma norma consensual. Eis algumas situações:
– A mulher substituía o seu sobrenome materno pelo sobrenome do marido, precedido da preposição “de”;
– Numa sociedade elitista, a troca de sobrenome, por algum tempo, Século XIX, foi uma norma socialmente consensual.
– Mulheres muitas vezes oriundas de classes mais modesta, apenas tinha o prenome, sem passar pelo rito da crisma faltava-lhe o
O costume de uma mulher mudando seu nome após o casamento é recente. Espalhou-se no final do século XIX nas classes superiores, sob a influência francesa, e, no século XX, especialmente durante os anos 1930 e 1940, tornou-se socialmente quase obrigatório.
Até o final do século XIX e meados do século XX, era comum que as mulheres, especialmente as de uma família muito pobre, não recebessem o sobrenome do pai e assim serem conhecidas apenas pelo seu primeiro nome. Geralmente recebiam como sobrenome um nome genérico como Maria de Jesus ou Rosa de Jesus. Ela, então, adotava o sobrenome completo de seu marido depois do casamento. Com o advento do republicanismo no Brasil e em Portugal, juntamente com a instituição do registro civil, todas as crianças agora têm sobrenomes.
TRONCOS SECULARES NO RIO GRANDE DO SUL
Conforme estudos deixados por João Pinto da Fonseca Guimarães e Jorge Felizardo Furtado vamos encontrar as principais linhagens, os chamados troncos seculares. São eles:
ADOLPHO SCHRAMM – OS CHARÃO ALVES PEREIRA ANTUNES DA PORCIÚNCULA AZEVEDO E SOUZA BRAZ LOPES CARNEIRO DA FONTOURA |
GARCIAS VELHOS GONÇALVES DE MAGALHÃES GONÇALVES MANCEBO GUTERRES LEITÃO DE FIGUEIREDO MACHADO BRUM |
MENNA BARRETO ORNELAS E VASCONCELOS PACHECO LOURO PAVÃO DA COSTA PINTO BANDEIRA RODRIGUES MENDES |
SANTOS RABALO SILVEIRA CASADO |
Outro pesquisador emérito, Carlos Rheigantz, tratando da contribuição açorita no povoamento do Rio Grande do Sul cita importantes troncos geradores a considerar a progênie relacionada, entre eles e sem considerar várias outras famílias que se formaram a partir delas:
TRONCOS | LOVALIZAÇÕES DOMINANTES | TRONCOS | LOCALIZAÇÕES DOMINANTES | |
JOÃO ANTÔNIO PORCIÚNCULA | Rio Grande até as cabiceiras do Rio Negro | ANTÔNIO RODRIGUES SARDINHA | Rio Grande até as cabiceiras do Rio Negro | |
MANUEL DA COSTA LOURENÇO | Pelotas, Erval, Canguçú, Piratini, Pinheiro Machado | JOSÉ DOS SANTOS REZENDE | Rio Grande, Pelotas | |
ANTÔNIO DE FREITAS AGUIAR | Rio Grande, Pelotas | FRANCISCO DE SEIXAS | Rio Grande, Pelotas, Bagé | |
INÁCIO GONÇALVES | Pelotas, Rio Grande Mostardas | JOAQUIM SOARES DE SOUZA | Rio Grande, Pelotas, Rio Pardo | |
FRANCISCO XAVIER LUIS | Jaguarão, Bagé, Dom Pedrito | ANTÔNIO DE SOUZA FERNANDO | Porto Alegre, Viamão, Rio Pardo, São Gabriel | |
SEBASTIÃO PEREIRA |
Pelotas, Piratini, Pinheiro Machado, Bagé, Dom Pedrito |
NICOLAU DE SOUZA FERNANDO | Porto Alegre, Pelotas, Rio Grande | |
ANTÔNIO PINTO | Rio Grande Erval, Pelotas | JOÃO TEIXEIRA CARNEIRO | Rio Grande, Pelotas | |
Todas essas linhagens têm suas características. Umas se proliferaram mais que outras. Porém todas, mais do que o orgulho comemorado por seus componentes, guardam a memória da história sul-rio-grandense. Talvez, esse seja o valor maior a ser em conjunto a ser celebrado. Decorreram mais de sete a oito gerações e algo a mais foi incrementado. Foram os imigrantes, principalmente europeus, que se juntaram a partir do Século XIX, entre eles: alemães, italianos, poloneses e, também, em menor quantidade, os japoneses e os sírio-libaneses (“turcos”), acrescentando nessa miscigenação os aborígenes brasileiros e africanos. Assim, aquela população de não mais do que 10.000 luso-brasileiros, chega aos milhões de habitantes de hoje.
INTER-RELAÇÃO COM OS CARNEIRO DA FONTOURA
Não é exagero dizer que dos troncos seculares, é o dos Carneiros da Fontoura o que guarda o maior vínculo todas as correntes genealógicas do Sul do Brasil. Isso, além de ser um dos Troncos Seculares na formação da América Meridional Portuguesa a partir do Século XVIII, espalharam-se por quase todas as regiões, em especial na metade sul gaúcha. Por isso encontram-se linhagens que se formaram a partir de um de seus componentes e outras com inter-relações muito frequente.
– Linhagens formadas a partir de um de seus componentes:
os Simões Pires, os Charão, os Menna Barreto, os Palmeiro da Fontoura, os Silveira Casado, os Neves da Fontoura, Fontoura Xavier.
– Linhagens com fortes inter-relações:
os Freire, os Simões Lopes, os Moreira, os Cunha, os Barboza, os Duarte, os Barreto Vianna,
– Linhagens diversas:
Queiroz e Vasconcellos, Almeida, Brasil, Cardoso, Machado, Fonseca, Palmeirim, Prestes, Amaral Gurgel, Pinto Bandeira, Arthayeta, Lara, Duarte Amaral, Martins Costa, Pereira e Souza, Freitas Travassos, Riquinho, Pereira Fortes, Barcellos, Parrot, Lopes, Patrício Azambuja, Cidade, Rangel, Corte Real, Corrêa Câmara, Anchieta, Motta, Coelho Borges, Garcez, Ilha, Porto, Xavier, Totta, Portinho, Pestana, além de Fontoura Xavier e Trindade, Agon [Agan], Riopardense, Corrêa, Assumpção, Panafiel, Costallat, Ursuá, Montojos, Duclos, Castro, Bacellar.
Localidades Dominantes:
Início da colonização: Rio Grande, Viamão e Rio Pardo.
Após 1801: Encruzilhada do Sul, Cachoeira do Sul, Triunfo, Caçapava do Sul, São Sepé, Taquari e
Após 1811, Bagé, Dom Pedrito, São Gabriel, Lavras do Sul, Rosário do Sul, Alegrete, Pelotas, Porto Alegre, Jaguarão, Santana do Livramento, Santa Maria, Quaraí
Pelo Brasil: Castro (PR), Itaguaí (RJ), São Paulo, Rio de Janeiro, Itu (SP), Niterói (RJ), Maranhão, Joinville (SC), Bahia
Uruguai e Argentina: Rivera e Taquarembó, Salto, Buenos Aires.
LINHAGENS NA INTERNET
SIMÕES LOPES
– http://blogdealbergaria.blogspot.com.br/2011/08/origem-do-sobrenome-simoes-lopes-brasil.html
– http://gw.geneanet.org/josimo70?lang=pt&m=N&v=SIM%C3%95ES%20LOPES
PALMEIRO
– BLOG SANGUE PALMEIRO: https://sanguepalmeiro.blogspot.com
– www.myheritage.com.br/research/individual-3001114/maria-josefa-da-fontoura?s=7124221&rfr=tree
– https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Lara_de_Fontoura_Palmeiro
MOREIRA
– http://fluriano.com.br/Fontoura/historia_manoel_percillianna.htm
SIMÕES PIRES
– https://www.myheritage.com.br/site-family-tree-7124221/descendentes-de-matheus-simoes-pires
– http://mitoblogos.blogspot.com.br/2008/06/genealogia-220-famlia-simes-pires.html
– http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2008/docsPDF/ABEP2008_1219.pdf
CHARÃO
– http://www.rodrigotrespach.com/2014/05/28/schramm-uma-familia-alema-no-rs-do-seculo-18/
BIBLIOGRAFIA
– GUIMARAES, Joäo Pinto da Fonseca & FELIZARDO, Jorge Godofredo. Genealogia Rio-Grandense – Título Carneiro da Fontoura. Edição comemorativa ao 2º Centenário da Fundaçäo do Presídio do Rio Grande de São Pedro. P Alegre; Livraria do Globo; 1937; 264p.
– MACHADO, Cezar Pires – Chananeco da Lenda para a História, Porto Alegre, JA Editores, 2008, 226 p.
– MENNA BARRETO, João de Deus Noronha – Ten-Cel. Os Menna Barreto 6 Geraçöes de Soldados 1769 – 1950. P Alegre.
– PIRES, Antônio Cândico Silveira, “Palmas da Gente, Guardados da Memória”, Volume II, Editora URCAMP, Bagé-RS, 1992.
– RHEINGANTZ, Carlos G. In Anais do Simpósio Comemorativo do Bicentenário da Restauraçäo de Rio Grande, II volume.
Assim, como o desenhos de Átila Sá Siqueira retrata um gaúcho típico, o homem das lidas campesinas, os séculos, miscigenando gentes de diversas linhagens, criaram um típo característico do homem sulino, sempre atilado aos princípios ideológicos, políticos e sociais com que foi moldado. Entendendo ser justa a causa, em sua missão de conquista da terra que defendeu com muito garbo, é que ao trazer suas famílias criou arquetipo singular no Brasil Meridional. E um elo, que certamente amarra quase totas as linhagens que aqui compareceram, sejam de portugueses continentinos ou ilhéus, sejam os retirantes coloneses, sejam brasileiros do Centro, ou vicentinos, ou baianos, ou mineiros, estará o tronco dos Carneiro da Fontoura a participar dessa saga que foi a Conquista do Sul. Em todos os feitos históricos, em todos os segmentos sociais, em todas as comunidades antigas, há de se encontrar um descendente de João Carneiro da Fontoura a testemunhar os fatos. | |