GENEALOGIA DOS CARNEIRO DA FONTOURA

CARNEIRO DA FONTOURA
Na gesta dos padrões Ideológicos, Políticos e Sociais do
Brasil Meridional

 

REMINISCÊNCIAS

 

S U M Á R I O
GENEALOGIA DOS CARNEIRO DA FONTOURA
1 – Caracterização Genealógica
2 – Genealogia Lusa
3 – JCF – Tronco Ancestral Colônia de São Pedro

 

1. A água brota da bica e, submetida ao vento, pende à esquerda, “A maior glória das famílias é mostrar sua antiguidade conhecida. à Biologia, porém, bastam cinco gerações portadoras de qualidades e defeitos, para a determinação da carga hereditária. Como hoje sabemos, nenhum ascendente colocado além da quinta geração pode ser responsabilizado por qualquer herança transmitida.

“Graças ao conhecimento de nossa ancestralidade, podemos detectar nossa presença e ação em cada etapa histórica da sociedade. Mas o conhecimento dessa projeção no tempo impõe, a cada um de nós, responsabilidades como pessoa atuante nos destinos da nacionalidade.

“Encontramos, na Genealogia, um instrumento científico da maior significação para individualizar as famílias de nossos precursores, ao mesmo tempo, vetores de tradição e cultura, ativos elementos geradores de riqueza e agentes da estabilidade social.”

Paulo Xavier

2. era preciso reformular essa tendência para, então,
3. jorrar equânime, com pleno equilíbrio.
A ALEGORIA DA FONTE
1. Houve um tempo em que os mouros subjugaram os ibéricos,
2. estabelecer a normalidade era uma meta
3. infringiu-se acirrado combate aos temerários opressores, os quais por fim cederiam.

 

1 – CARACTERIZAÇÃO GENEALÓGICA
“Assim como a História do Brasil começa com a de Portugal”, no entender de Hélio Vianna1, também o histórico da linhagem dos CARNEIRO DA FONTOURA (CdaF) remonta desde a formação do Reino Luso. A Terra de Santa Cruz foi descoberta pela vocação navegadora dos portugueses, na qual eram mestres, a saber, pela instituição no início do século XV, da Escola de Sagres, centro de estudos e experiências náuticas, pelo Infante D. Henrique, 2º filho de D. João I (10º Rei de Portugal, 1385 a 1433). Se tal fato liga, por sua conseqüência, a História de ambas as nações, um segundo teve sintonia não menos importante: é a elevação do Brasil à condição de Reino Unido ao de Portugal e Algarves, no ano de 1815. Neste, as conseqüências, para os brasileiros, em termos econômicos, políticos e culturais, são bem conhecidas. Esses dois fatos, além de tudo o que ensina a História do Brasil, tais como a partilha das terras, as primeiras expedições, a União da Península Ibérica em torno da Coroa Castelhana (1580), o Brasil Colônia, as lutas com os espanhóis pela conquista do Sul, as entradas e bandeiras, o povoamento do Rio Grande do Sul, sem dúvida unem a história destas duas nações. 1   Hélio Vianna, História do Brasil,  4ª Edição, São Paulo, Ed Melhoramentos, 1966.
Em especial, a conquista e o povoamento da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, admite-se seja resultante da acirrada disputa entre luso-brasileiros e hispano-americanos. Os pampas situados às margens do rio Uruguai, entre três importantes centros colonizados, Buenos Aires e Assunção (espanhóis) e Salvador (português), representavam conquista secundária. O ouro das Minas Gerais, a agromanufatura do açúcar, por exemplo, eram mais atraentes aos lusos. Abaixo de Laguna, Santa Catarina, término do domínio português pelo Tratado de Tordesilhas, era de fato distante demais para concentração do poder de conquista. Aos poucos, como terras de excelentes pastagens, foram despertando a cobiça dos colonizadores. Uma cogitação razoável é: essa região era disputada em conseqüência das questões políticas entre as duas metrópoles ibéricas. A Colônia do Sacramento (hoje Uruguai), ora foi domínio português, ora espanhol. De fato, representava demasiada ousadia lusitana uma incursão além de Laguna, atingindo a margem oriental do rio da Prata, onde logo ali se situava um vice-reino espanhol, com sede em Buenos Aires.
Em 1737, dia 19 de fevereiro, o Brigadeiro José da Silva Paes desembarcou na Praia Sul do Rio Grande, depois de localizado o posto do Cel. Cristóvão Pereira de Abreu, o qual, após adentrar pelo Continente, aí permanecera a sua espreita, conforme o previamente combinado. Dia 02 de março é realizada a primeira missa invocando a Jesus-Maria-José (a Sacra Família) como patrono do estabelecimento militar. Inicia-se assim, o povoamento sistematizado do Continente do Rio de São Pedro. Ao aqui chegar Silva Paes, em carta de 21 de junho, externa a importância econômica e, na de 20 de agosto, informa do significado estratégico. Em 1738, voltando ao Rio de Janeiro, onde assumiu o Governo, deixa aqui assentada a conquista que vai do Rio Grande à serra de São Miguel, mais ao sul do arroio Taim.
Face a importância estratégica defendida por Silva Paes e das irreconciliáveis cismas e rusgas entre as cortes colonizadoras, é que reforços bélicos são concedidos ao Brigadeiro que, de 1738 a 1749, implanta o espírito de luta no qual até hoje se obstina a gente rio-grandense.
Consta que Gomes Freire, tão logo tomou conhecimento da implantação do Presídio Jesus-Maria-José, providenciou sua consolidação; assim, embarcou dias após, naus com armas, munições, suprimentos vários, tropas e povoadores. Em fins de 1737, mais casais de colonos são levados para Rio Grande. Aí iam ganhando chãos e rincões, estes para cultivo agropastoril, aqueles para construir suas moradias no povoado. As primeiras tropas chegadas, especialmente constituídas de dragões das Minas Gerais, foram logo transformadas em regimento, sob a comandância de André Ribeiro Coutinho.
Foi com esse contingente que João Carneiro da Fontoura (JCF) transferiu-se para Rio Grande. Não se pode, ainda, precisar o dia e a nau que o trouxe. Por certo se tem que acompanhavam-no a mulher e os quatro primeiros filhos.
João Carneiro da Fontoura (JCF) nascera em Portugal, em Chaves, vila da freguesia de Santa Maria Maior, provavelmente em 1679. Era o segundo filho de Antônio Carneiro da Fontoura e de D. Francisca Velloza. Seu pai, escrivão vitalício da comarca de Chaves e um dos últimos morgados de Loivos, deixou vários descendentes, sendo que José Carneiro da Fontoura, o primogênito, herdaria o morgadio2.
2     Morgado, aqui referido aos bens cartoriais concedidos por carta régia a fidalgos das comarcas portuguesas, indivisíveis, inalteráveis e transferidos do pai ao primogênito.
JCF preferiu a carreira militar, deslocou-se para o Brasil, em 1700. Aqui se instalou em Congonhas dos Campos, nas Minas Gerais, indo após para Curral d’El-Rey (hoje Belo Horizonte), ingressando no Regimento da Mineração. Daí transferiu-se para o Rio de Janeiro, vindo em seguida para o Continente do Rio de São Pedro (Rio Grande). Aí radicado em definitivo, através de seus dez filhos, assenta a linhagem dos CARNEIRO DA FONTOURA, a qual por várias gerações está ligada às conquistas e feitos que se registraram pelo Continente do Rio Grande afora.
Casou com Izabel da Silva, natural de Torres Novas, Arcebispado de Lisboa, com origem na etnia cigana. Pelo nascimento de sua primeira filha, Francisca Velloza, em 1729, Congonhas dos Campos, onde casara, indica que as núpcias de JCF se deram em avançada idade (aos 50 anos aproximadamente). Seu 10º filho, Alexandre, nasceu em 1751 (Rio Grande), quando já contava 72 anos. Faleceu a 19 de agosto de 1769, com 90 anos, na vila do Rio Pardo, tendo passado antes por Viamão.
De seus filhos, José Carneiro da Fontoura (nome do irmão mais velho) esteve no comando da Fortaleza Jesus-Maria-José, construída às margens do rio Jacuí (Rio Pardo), João Carneiro da Fontoura (filho), comandou o forte de Santa Tecla (Bagé) e Alexandre ocupou vários postos militares onde chegou a Coronel de Dragões. Das filhas, de Maria Inácia (4ª) não houve descendência, Maria Tereza (9ª) falecida aos 22 anos deixou apenas três filhos. As demais, se miscigenando ou desencadeando importantes famílias entre as quais: BARRETO PEREIRA PINTO, SIMÕES PIRES, CHARÃO, SILVEIRA CASADO, MENNA BARRETO, BARRETO VIANA, PALMEIRO, determinaram que a estirpe dos CARNEIRO DA FONTOURA seja a que melhor caracterize a união da gente rio-grandense e todo o seu legado histórico. Hoje, cada gaúcho está envolto nesta linhagem, conforme se comprova pela preocupação de vários autores, como Aurélio Porto, Fonseca Guimarães, Jorge Godofredo Felizardo, Paulo Xavier, entre outros, em pesquisar sua genealogia ou relatar seus feitos.
3  As referidas informações foram publicadas a Revista do Instituto de Estudos Genealógicos, São Paulo, fl. 95, 1º semestre, 1939 e na Genealogia Rio-Grandense. Nesta obra, cita o autor que o mencionado Brasão não tem registro no livro de Armaria da Torre do Tombo, nem consta da Nobiliarquia Portuguesa. (Talvez mesmo, dada sua remota origem, em épocas em que o Estado Português ainda não estivesse organizado, ou devido terremoto em 1755, quando o Arquivo Central da torre do Castelo de Lisboa resultou destruído.). São dados catalogados na Biblioteca de Lisboa, Colecção Pombalina, nº 377, fls. 267 a 288. Dados estes compilados a partir do manuscrito do abade de Bouçaes, Pedro Moraes Fontoura, que viveu no século XVIII, em Memórias Genealógicas da Família Fontoura, e ainda, Famílias de Portugal, de Jacinto Leitão Manso de Lima. ( posição de direita e esquerda na descrição do brasão, por convenção, é relativa ao portador e não ao observador) Observe-se que a inclinação das linhas hachuradas também seguem uma convenção de cores.
Por fim, uma constatação de ordem heráldica traz informações sobre os primórdios da implementação desta linhagem. Conforme se depreenderá, o mesmo intento da luta que impregnou a história da conquista do Sul, também marcou de forma indelével a formação do Reino Português nos séculos XII e XIII. O Brasão de Armas, segundo dados pesquisados por Jorge G Felizardo, é assim descrito3:
Escudo partido em pala, sendo a da direita em verde e a outra em campo prateado; na primeira, uma fonte de ouro, redonda e alta, da qual corre água da bica por três bacias inferiores; na segunda, uma árvore verde, um estandarte vermelho, com haste de ouro entremeando sua copa, ficando ainda, sob a sombra desta amoreira, um lebréu preto que, preso por corrente de ouro, fica em oposto ao estandarte4.
Essa insígnia, assim era vista no frontispício do solar que herdara João de Fontoura em local denominado Pico Sacro, na estrada ligando Chaves a Santiago de Galícia, em Trás-os-Montes, a considerar o manuscrito do abade de Bouçaes. João de Fontoura proveio das Astúrias, reduto cristão que resistiu à invasão dos mouros desde o século IX. Dois de seus filhos, casando-se com descendentes do Duque de Mouton5, natural de França, deram origem à família CARNEIRO DA FONTOURA, a qual JOÃO CARNEIRO DA FONTOURA, em 1700, veio difundir na América portuguesa. Ao se referir à formação do Reino, afirma a História de Portugal que, em torno do Rei D. Afonso VI, uniram-se os Reinos de Leão, Castela e Galícia, dada a incômoda presença moura na Península já dominada quase integralmente, desde o século IX. Foi solicitado auxílio a fidalgos do antigo Reino Carolíngio e muitos, em razão de suas conquistas, aí se radicaram, como os irmãos Raimundo e Henrique de Borgonha. Este, precursor da implantação do Reino da Lusitânia. Pela mesma razão, presume-se, o Duque de Mouton teria sido levado para as Astúrias. E, tendo descendentes seus miscigenados com os Fontoura, adotaram o Brasão destes. 4   A amoreira, em que uma das espécies é valiosa a considerar suas folhas como alimento ideal para o bicho-da-seda e que tem copa dupla. Sabe-se, durante a formação do Estado Francês (século XI), após a divisão do Reino de Carlos Magno, vários soberanos incentivaram o cultivo desta planta e inseto. Idêntica diretriz teria ocorrido em Portugal.
Lebréu ou lebrel, feroz cão de caça ao javali e ágil como os galgos lebreiros, provavelmente, hoje correspondendo a um dog alemão (dinamarquês).
5       A  tradução de nomes próprios era comum na época; Mouton, do Francês, resultou em Carneiro.
Eis uma questão de cunho genealógico: ligados à formação de Portugal desde a luta contra os árabes até sua consolidação política, bem como na conquista do Brasil Meridional, os CARNEIRO DA FONTOURA constituem um dos mais importantes segmentos. E também uma reflexão de ordem moral. Ainda que “há mais de cinco gerações não se cogite da determinação de cargas hereditárias”, a caracterização deste invulgar tronco ancestral reafirma os vetores de tradição e cultura que hoje se espargem e dão a compreensão do porquê desse legado a toda gente luso-brasileira, cujo compromisso mínimo é manter, com denodada abnegação, a permanente luta em prol de uma sociedade mais justa, objetiva, com homens livres a cultivar os bons costumes.

 

2 – GENEALOGIA LUSA
De inconteste notoriedade, os CARNEIRO DA FONTOURA, cuja nobreza provém dos Fontoura das Astúrias  – reino que encetou a reconquista cristã da Península Ibérica – compilam-se vários informes quais já aduzidos e constantes do acervo da Biblioteca de Lisboa. Aqui no Brasil, além do Nobiliário Rio-Grandense, é sumamente importante a obra de João Pinto da Fonseca Guimarães, em co-autoria com Jorge Godofredo Felizardo, Genealogia Rio-Grandense  –  Título: Carneiro da Fontoura6. Trata-se de uma publicação editada em comemoração ao Centenário da reconquista de Rio Grande.
6    Este volume, primeiro de uma série que englobaria outros importantes troncos seculares estabelecidos desde os primórdios da colonização do extremo sul brasileiro, lastimavelmente não teve continuidade.
A ascendência de João Carneiro da Fontoura tem registro desde o século XVII. Há, no entanto, referências desde os anos que precederam a formação do Reino Português. Na luta para a expulsão dos mouros da Península Ibérica, era comum convergirem, para as Astúrias especialmente, nobres da Europa, franceses na maioria, para fazerem frente ao inimigo comum. Entre eles, o Duque de Mouton, antes de 1220, recebeu por incentivo um senhorio na região das Astúrias, passando-se a chamar Carneiro7. Descendentes seus entrelaçaram-se com os Fontoura  – de Fonte Áurea –  do mesmo Principado. Transferiram-se especialmente para a região de Trás-os-Montes e também para o Porto. Desse ancestral francês, descende Martim Carneiro, possivelmente o progenitor dos Carneiro, entre outros nobres da mesma estirpe, tais como os da Ilha de Príncipe e de Lumiares.
7   É de se recordar que desde o 2º Rei Português, D. Sancho I (1185-1211), concomitantemente ao banimento muçulmano da Península, implantou-se uma política de povoamento e integração com os nobres estrangeiros, aos quais eram oferecidos senhorios na região trásmontana. D. Denis (6º Rei, 1279-1325) incrementou o cultivo da terra, também distinguindo com títulos nobiliárquicos aos que a ela se dedicavam. D. Fernando (9º Rei, 1367-1383), visando ao aproveitamento de terras devolutas, criou a Lei das Sesmarias, em Portugal.
Sucede-lhe, ainda, um outro Martim Carneiro (2º), pelo menos através de Diogo Carneiro e de Gil Carneiro. O 1º Martim Carneiro aqui referido, viveu no século XIII, a considerar ter ele pertencido à Corte de D Afonso II (1211-1223). Ao 2º, é possível tivesse nascido no início do século XVI.Sucede-lhe, ainda, um outro Martim Carneiro (2º), pelo menos através de Diogo Carneiro e de Gil Carneiro. O 1º Martim Carneiro aqui referido, viveu no século XIII, a considerar ter ele pertencido à Corte de D Afonso II (1211-1223). Ao 2º, é possível tivesse nascido no início do século XVI.
De outra linhagem, João de Fontoura, habitante da vila Chaves, próximo ao ano de 1500, descendem três filhos: João, Manoel e Anna. Esta casada com Martim Carneiro (2º) cuja filha Maria Vieira Carneiro casou com seu tio Manoel de Fontoura, fidalgo da Casa d’El-Rei. Sete são os seus descendentes, entre os quais Francisco Carneiro da Fontoura. Foi este bisavô de João Carneiro da Fontoura que veio parar em Rio Grande, por vocação militar, e aí se constituiu em um de seus primeiros povoadores.
Certamente não foi o único a transferir-se para as terras além-mar de um Portugal conquistador. A genealogia dos Fontoura de Portugal menciona que, pelo menos três descendentes assentaram-se no Brasil, em Recife e no Rio de Janeiro. Fogem, no entanto, quaisquer outras referências8. Porém é em João Carneiro da Fontoura, radicado em terras gaúchas, que se encontrará ligação para a quase totalidade dos que ainda hoje levam este sobrenome no Sul, talvez no Brasil.
8    Além de Manoel Rodrigues da Fontoura (em Recife, aí vivendo descendentes, pelo menos até 1759) e Diogo Carneiro da Fontoura (no Rio, mas regressando para Lisboa) que menciona manuscrito do abade de Bouçaes, cita a painelista Sônia Aparecida Siqueira, conforme Anais do Simpósio Comemorativo do Bicentenário da Restauração de Rio Grande (V. 2, p. 116), em sua tese, Presença da Inquisição na Colônia do Sacramento, Agostinho de Fontoura. Este se radicou na Colônia do Sacramento, envolvendo-se nos negócios do Santo Ofício, em 1769; natural da freguesia São Thiago de Firvidellas, Arcebispado de Braga, casado com Ana Maria de Jesus. Nada consta sobre sua descendência e destino tomado. Nesta época, sofria a Colônia violento ataque por Pedro Cevallos desde 1762, que foi cedida aos castelhanos em decorrência do Tratado de Santo Ildefonso. Também, em 1761, terminava a Inquisição no Brasil.
3 – JCF – TRONCO ANCESTRAL COLÔNIA DE SÃO PEDRO – Cronologia de JCF

 

CRONOLOGIA JCF REGISTROS HISTÓRICOS
1679 – Ano provável do nascimento de JCF, em Chaves, Trás-os-Montes, Portugal.1694 – Nasce Izabel da Silva, Torres Novas, comarca de Tomar, Lisboa.  – Reina em Portugal Dom João V, entronizado em 1706.
–  Luís XIV, no apogeu do absolutismo.
França e Inglaterra se hostilizam. O absolutismo francês está no auge. Na Espanha, o Trono é disputado por dois pretendentes – o Bourbon, Duque D’Anjou e por Carlos Habsburgo, da Casa da Áustria. Em Portugal, D. João V (1706-1750) sucede a D. Pedro II, este com envolvimento na questão dinástica espanhola. O reinado de D. João V favoreceu as ciências, as artes e a economia. No Brasil, o ouro produziu uma corrente migratória de luso-brasileiros para as Minas Gerais. Na América, Laguna (1684) é a mais meridional vila portuguesa e Colônia do Santíssimo Sacramento, fundada em 1680, sofre hostilidades castelhanas. Em 1726, os espanhóis fundam Montevidéu.
 .?.   – Muda-se para Curral São João d’El-Rey (B. Horizonte)..?.    – Ingressa na carreira das armas (Dragões, Regimento da Mineração). – Acordos anglo-lusitanos visam aceder ao mercado platino,  em oposição forma-se a aliança franco-espanhola.
– Colônia do Sacramento, tomada pelos castelhanos, é ocupada de 1705 a 1716.
1707 – Guerra dos Emboabas, Minas Gerais.
1710 – Corsários franceses já ameaçam Rio de Janeiro.
1720 – Revolta de Vila Rica, Minas Gerais.
1728 – Casa com Izabel da Silva aos, 49 anos de idade, Minas Gerais.
1729 – Nasce o 1º filho: Francisca, Sabará,  MG.
 – A mineração nas Minas Gerais ostenta grandeza e no Sul os rebanhos de gado xucro despertam os colonizadores lusos e espanhóis, como também os ingleses e franceses, estes pelo mercantilismo.
1731 – Minas  agora já produz diamantes.
– Sesmarias são distribuídas no Sul e o lagunense João Magalhães é agraciado com uma estância.
1733 – Nasce o 2º filho: José, Curral d’El-Rey, MG.
.?.      – Transfere-se para o Rio de Janeiro.
1734 – Nasce o 3º filho: João, Rio de Janeiro.
.?.     – Nasce o 4º filho: Maria Inácia. (Rio de Janeiro?).
1735 – Nova ofensiva espanhola e a Colônia resulta sitiada, restituindo-a em 1747.
1737 – Transfere-se para Rio Grande – final ano – com 58 anos. 1737 – Silva Paes chega à embocadura do rio de São Pedro (Rio Grande).
1738 – André Ribeiro Coutinho concede-lhe um chão (33 braças) na Rua da Igreja para construir moradia para mulher e quatro filhos; e também mais 500 braças lhe são agraciados. 1738 – Criada a Comandância Militar de Rio Grande, subordinada ao Rio de Janeiro e vinculada a Santa Catarina, com guardas avançados no Chuí e Taim.
1740 – Nasce o 5º filho: Joana, Rio Grande. 1740 – O ouro nas Gerais representa a maior avidez, porém os impostos são exorbitantes.
1741 – Fundada a Capela Grande de Viamão.
1742 – Nasce o 6º filho: Angélica, R. Grande.
1743 – Casa o 1º filho: Francisca.
1744 – Nasce o 1º neto: Ana Josefa (1.1), R. Grande.
– Nasce o 7º filho: Inácia Maria, Rio Grande.
1745 – Nasce o 2º neto: Severina Maria (1.2)1, R. Grande.
1   Os números após os nomes indicam a codificação que consta na árvore; neste caso 1.1, representa o primeiro neto de JCF descendente do seu primeiro filho; noutro exemplo, caso fosse 5.3.2, representaria o segundo bisneto nascido do terceiro neto que nasceu do quinto filho de JCF.
1747 – Nasce o 3º neto: Maria Eulália (1.3), R. Grande. 1747 – Rio Grande é elevada à vila
1748 – Nasce o 8º filho: Jerônima, R. Grande.
– Transfere-se para Viamão (?).
1750 – Nasce o 4º neto: Inocência (1.4), Rio Grande.- Nasce o 9º filho: Maria Tereza, Viamão. 1750 – Tratado de Madrid.- Francisco Pinto Bandeira, com 60 aventureiros vicentinos, encontra-se no passo do Rio Pardo.- Já em construção a primitiva Matriz de Rio Pardo.
1751 – Nasce o 10º. filho: Alexandre, aos 72 anos, R Grande. 1751 – França: lançamento da Enciclopédia.- Rio Pardo: construção do Forte Jesus-Maria-José.- Ataque dos Tapes.
1752 – Nasce o 5º neto: Helena Máxima (1.5), Rio Grande. 1752 – Açorianos na colonização do Sul. – Tomás Luís Osório é designado para guarnecer Rio Pardo e Gomes Freire aí centra o contingente luso-brasileiro visando à ocupação dos 7 Povos das Missões.
1753 – Os índios (instigados pelos espanhóis?) voltam atacar Rio Pardo. Construída, no Alto da Fortaleza, uma capela consagrada à Sagrada Família.
1754 – Nasce o 6º neto: Engrácia (1.6), Viamão. 1754 – Guerra Guaranítica; Sepé Tiaraju derrotado em 1756; – Casais de açorianos são arranchados por Gomes Freire em Rio Pardo. Reinicia-se a demarcação de terras, conforme preceitua Tratado de Madri.
1755 – Provável transferência de JCF para o Rio Pardo, quando já cotava com 76 anos. 1755 – Francisco Barreto Pereira Pinto é nomeado comandante de Rio Pardo, transferindo-se de Viamão onde servia.
– Novas sesmarias: bacia do Ibicuí.
– Terremoto em Lisboa.
1756 – Nasce o 7º neto: Juliana Severina (1.7), Rio Pardo;
– Casa o 6º filho: Angélica, Rio Pardo.
1757 – Nasce o 8º neto: Vicência Maria (1.8), Rio Pardo.
1758 – Nascem os netos (9º e 10º): Francisco (1.9), Rio Pardo e  Francisca (6.1), Rio Pardo;
– Casa o 5º filho: Joana, Rio Pardo.
1756 – Fundados os fortes de Santo Amaro e Rio Pardo.
– O reinado de D. José conta com o Secretário de Estado Marquês de Pombal. Os jesuítas são perseguidos com uma bem urdida ação junto a Santa Sé e Espanha.
– O Iluminismo, especialmente na França, e a Revolução Industrial (inglesa) imporão nova ordem social no ocidente.
1759 – Nasce o 11º neto: Cândida Ângela (1.10);- Casa o 2º neto: Severina Maria (1.2);- Nasce o 12º neto: Dorothea Maria (5.1), Rio Pardo. 1759 – Expulsão dos jesuítas.
– Família Agueda estabelece-se em Rio Pardo, vasta descendência (12 filhos).
1760 – Casa 7º filho: Inácia Maria, R Pardo;
– Nascem os netos (13º e 14º): João Adolfo (5.2) e Antônio (6.2), Rio Pardo.
1761 – Casa o 1º neto: Ana Josefa (1.1), Viamão.
– Nascem os netos (15º, 16º e 17º): Antônio Adolfo (5.3), Rio Pardo; Joana (6.3), Triunfo; Gertrudes (7.1), Rio Pardo.
1762 – Nascem os netos (18º, 19º, 20º e 21º):- Propícia (1.11), Rio Pardo;-  Ana (6.4), Rio Pardo;- Manoel (7.2), Mostardas;-  Angélica (3.1), Rio Pardo. 1762 – Félix José Pereira, coronel de Cavalos da Ordenança, é nomeado assistente do Comandante da Fortaleza do Rio Pardo.- Novo ataque à Colônia do Sacramento por Pedro Cevallos.
1763 – Nasce o 1º bisneto: Bernarda Luiza (1.1.1), Viamão;
– Nascem os netos (22º e 23º): Francisca (1.12), Rio Pardo; Maria Joana (5.4), Rio Pardo;
– Casa o 2º neto: Inocência Maria (1.4), R. Pardo;
– Casa o 8º filho: Jerônima, Rio Pardo.
1763 – 4ª incursão espanhola, tomando Santa Tereza e Rio Grande; inicia-se a grande retirada lusa do Sacramento; migração de luso-brasileiros para Viamão.
– Francisco Pinto Bandeira, com os capitães de auxiliares e ordenanças, rechaçam os espanhóis, que ameaçava Rio Pardo, recebidos com grandes festas, trazem copiosa presa de guerra.
– Vice-Reino do Brasil: centralizada a administração no Rio de Janeiro;
– Finda a Guerra dos 7 Anos, envolvendo França e Inglaterra, esta sai fortalecida;- Cessa estado de guerra entre ibéricos.
1764 – Casa o 9º filho: Maria Eulália, R Pardo;
– Nasce o 24º neto: Matilde Cândida (7.3);
– Nasce o 25º neto: Maria Eulália (9.1), Rio Pardo;
– Nasce o 2º bisneto: Francisco de Paula (1.4.1), Triunfo.
1764 – Instaura-se, em Rio Pardo, na Casa de Aposentadoria de Agostino Félix Santos Campelo, Desembargador dos Agravos e professo na Ordem de Cristo, devassa contra o Governador Inácio Elói de Madureira e o Cel. Tomás Luís Osório, guardião de Rio Grande, que caíra nas mãos dos castelhanos. O Iluminismo francês e a Revolução Industrial inglesa começam a se propagar em todo o Planeta, gerando:*  movimentos cívicos-culturais;

*  expurgo do feudalismo e absolutismo;

*  Independência das 13 Colônias – EEUU;

*  a Revolução Francesa;

* a descolonização da América;

* a política liberal burguesa e radical democrata;

* a substituição do colonialismo pelo imperialismo;

* a economia mercantilista industrial.

1765 – Nasce 26º neto: Manoel (5.5), Triunfo.
1766 – Nasce o 27º neto: Joaquina Leocádia (6.5), R. Grande.
1767 – Nasce o 3º bisneto: Miguel (1.4.2), Triunfo;
– Nascem os netos (28º e 29º): Manoel Adolpho (5.6), Viamão; e Gertrudes (1.13), Rio Pardo.
1768 – Casa o 2º neto: Maria Eulália (1.3), Rio Pardo;
–  Nasce o 4º bisneto: Antônio (1.4.3), Triunfo;
–  Casa o 4º filho: Maria Inácia.
1768 – O Cap. Francisco Pinto Bandeira passa a comandar a guarda instalada no Tabatingaí; os espanhóis protestam.
1769 – Nascem os netos (30º, 31º e 32º): Salvador (8.1), Rio Pardo; João de Deus (1.14), Rio Pardo; e Maria Cândida (6.6), Rio Pardo;
–  Nasce o 5º bisneto: Vicente (1.3.1), Rio Pardo.
1769 – José Marcelino de Figueiredo é nomeado Governador do Rio Grande do Sul e Comandante do Regimento de Dragões de Rio Pardo.
– Criada a freguesia de N. Sª. do Rosário de Rio Pardo, a 4ª do Rio Grande do Sul.
1769 – Faleceu JCF a 19 de agosto na vila de Rio Pardo, aos 90 anos e 25 anos após, Izabel da Silva, a 17 de fevereiro de 1794, em Rio Pardo, aos 100 anos. Rio Grande, agora a mais meridional vila portuguesa, que JCF ajudou a fundar, permanece no poder castelhano, mas logo em seguida, em 1776, será novamente reintegrada aos luso-brasileiros, onde a segunda geração dos primitivos desbravadores fez-se atuante. O Continente do Rio Grande é cada vez mais uma região de domínio luso, mas suas fronteiras ainda não estão definidas. Para esse domínio, muito contribuíram, a estratégia de Silva Paes e a obstinada luta de seus primeiros povoadores, especialmente os trás-montanos, açorianos, madeirenses além dos vicentinos, lagunenses, mineiros e coloneses, que aí levantaram residências, mesmo que a opulência da mineração nas Gerais representasse recompensa imediata.

 

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Tremula a liberdade, a ordem natural das coisas é plena e exitosa;
é tempo de recuperar as energias para novas ações que, por certo,
teimarão em perturbar a harmonia com denodo conquistada, assim, atilado, repousa o combatente.
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